Preta Gil, que morreu no último domingo (20) aos 50 anos, teve uma breve carreira como atriz de novelas. A primeira foi “Agora é Que São Elas”, exibida pela TV Globo, em 2003. No folhetim, que dividiu opiniões entre a crítica e o público, a cantora interpretava Vanusa, uma personagem trambiqueira.
Vanusa gostava de organizar rachas. Em um dos capítulos, ela provoca um grave acidente de carro. Essa cena foi especialmente difícil para Preta, que, 13 anos antes, sofreu com a morte do irmão, Pedro, em uma tragédia no trânsito.
Na clássica entrevista que deu à revista Trip, que teve ampla repercussão em 2003 por conta de um ensaio nu e revelações picantes sobre sexo, Preta falou sobre o assunto. “É, foi uma cena horrível... Meu irmão sofreu um acidente de carro, não era um racha. A gente teve que gravar durante duas horas num carro todo fodido, com o personagem do lado de fora todo ensanguentado, deitado. Lembro que nas fotos do acidente do Pedro o carro estava muito fodido. Minha personagem não podia se emocionar na cena, e eu com o choro aqui assim na garganta, sabe? Olhava e me lembrava do Pedro”, lamentou.
Preta ainda relembrou a forte ligação com Pedro: “Ele era muito próximo de todo mundo, uma referência muito grande na família. Um garoto muito bom, muito talentoso, muito bonito, muito grande. Muito tudo, sabe? Parece que foi feito para viver pouco.”
A artista ainda refletiu sobre como a fatalidade com o irmão fez “bater a urgência de viver”. “Caiu a ficha da emergência pela felicidade. Percebi que levava uma vida que não queria, e não era feliz. Percebi que a minha vida estava em jogo, que tinha que viver agora”, pontuou Preta, que lutou bravamente por sua cura nos últimos dois anos.
Pedro é o terceiro filho de Gil e o primeiro com Sandra Gadelha, eternizada como Drão na música que leva seu apelido. Ele nasceu em Londres, no período em que o músico viveu exilado por conta das ameaças da ditadura militar.
Pedro dirigia na madrugada do dia 25 de janeiro de 1990, voltando de São Paulo para a capital carioca. Enquanto circulava na altura da Avenida Epitácio Pessoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro, ele dormiu ao volante e bateu em uma árvore. O carro capotou duas vezes.
Pedro fraturou o crânio e sofreu traumatismo cranioencefálico. O músico foi socorrido e levado direto para a UTI do Hospital Beneficência Portuguesa. Ele permaneceu internado em coma por uma semana, mas veio a óbito no dia 02 de fevereiro.
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